domingo, 29 de dezembro de 2013

POR QUE O PADRE PENSA DIFERENTE?

É do conhecimento de todos, que há muitas controvérsias entre a Igreja Católica e os evangélicos. Embora ambos professem ser cristãos, estes dois seguimentos pregam doutrinas diametralmente opostas. Eis alguns exemplos:

I. SOBRE OS RECÉM-NASCIDOS
       Os evangélicos crêem que os recém-nascidos _ batizados ou não _ são filhos de Deus, estão sob a proteção divina e, quando morrem, vão para o Paraíso Celestial. Mas a Igreja Católica ensina que os nenéns não-batizados não são filhos de Deus, e que, por isso, estão debaixo do poder do Maligno, são escravos do poder das trevas, e que, se morrerem assim, ingressarão num estado chamado Limbo. Os que se acham nesse estado, não estão no Céu, e sim, num lugar onde não podem ver a Deus face a face. Deste lugar, talvez possam sair um dia. E esta insegurança justifica rezarmos pela salvação dos nenéns que morreram antes de serem batizadas, confiando-as à misericórdia de Deus, bem como batizar às pressas a todos os recém-nascidos.
       Que é “poder das trevas” e “poder do Maligno”? Bem, segundo me consta, estas expressões referem-se ao diabo e aos demônios. Assim pensam também renomados teólogos evangélicos. Eis um exemplo: “O poder das trevas: Alusão a Satanás e às forças do mal” (Nota marginal, referente ao Evangelho Segundo Lucas 22.53. [Bíblia de Estudo Almeida. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002]).
       Para que o caro leitor possa ver que de fato os padres pregam o que afirmei acima, veja estas cópias:
1) “Por nascerem com uma natureza humana, decaída e manchada pelo pecado original, também as crianças precisam do novo nascimento no Batismo, a fim de serem libertadas do poder das trevas e serem transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, para a qual todos os homens são chamados. A gratuidade pura da graça da salvação é particularmente manifesta no Batismo das crianças. A Igreja e os pais privariam então a criança da graça inestimável de tornar-se filho de Deus se não lhe conferissem o Batismo pouco depois do nascimento” (Catecismo da Igreja Católica [CIC]. Petrópolis:Vozes, 1 ed. 1993 p. 348. Grifo nosso);
2) “A Igreja não conhece outro meio senão o batismo para garantir a entrada na bem-aventurança eterna” (CIC, p. 350);
3) “Limbo:... Lugar em que, segundo a teologia católica, posterior ao século XIII, se encontram as almas das crianças muito novas que, embora não tivessem alguma culpa pessoal, morreram sem o batismo que as livrasse do pecado original” (Novo Dicionário Aurélio);
4) “[...] Porque elas [as crianças], tendo nascido com o pecado original, precisam ser libertadas do poder do Maligno [...]” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 1 ed. 2005, p. 90. Grifo nosso).

II. A RESPEITO DO PERDÃO
       Outro ponto de discórdia é sobre o perdão. Segundo a Igreja Católica, o perdão dado por Deus não anula a sentença do perdoado, mas tão-somente diminui a sua pena. Para cada pecado perdoado há, segundo a Igreja Católica, uma pena menor a ser cumprida, de modo que o perdoado só poderá entrar no Céu após cumprir a pena devida pelo pecado já perdoado. Prega ainda a Igreja Católica que:

A) se a pena devida pelo pecado já perdoado, não for cumprida aqui na Terra, será cumprida depois da morte, no purgatório;

B) uma indulgência parcial diminui essa pena;

C) em caso de uma indulgência plenária, a referida pena seria eliminada totalmente. Veja as provas:
a) “... o pecado, mesmo que você se confesse, ou se arrependa, sempre deixa uma marca, e a indulgência é isso: tirar essa marca.” (Padre Marcelo Rossi, jornal O Globo, 02/01/2.000);
b) “...para obter a indulgência... o fiel necessita antes se confessar e ser sacramentalmente absolvido por um padre...” (Bispo Dom Fernando, Ibidem);
c) “...A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados... Todo pecado, mesmo venial,... exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado purgatório...
“...A indulgência é plenária ou parcial...
...O perdão do pecado e a restauração da comunhão com Deus implicam a remissão das penas eternas do pecado. Mas permanecem as penas temporais do pecado... O cristão deve esforçar-se, suportando pacientemente os sofrimentos... e, chegada a hora de enfrentar serenamente a morte, aceitar como uma graça essas penas temporais do pecado...” (CIC, páginas 406–407, grifo nosso).
d) “Se alguém disser que, depois de receber a graça da justificação, a culpa é perdoada ao pecador penitente e que é destruída a penalidade da punição eterna e que nenhuma punição fica para ser paga ou neste mundo, ou no futuro, antes do livre acesso ao reino ser aberto, seja anátema”. (Concílio de Trento, Seção VI, citado por OLIVEIRA, Raimundo F. de. Seitas e Heresias, um Sinal dos Tempos. Rio de Janeiro: CPAD, 9 ed. 1995, p. 25).

III. RESPONDENDO À PERGUNTA EPIGRÁFICA
       Ninguém ignora que as controvérsias entre os evangélicos e os padres são muitas, mas poucos sabem o porquê disso. A maioria pensa que essas divergências são porque interpretamos a Bíblia diferentemente. Mas, a verdade é outra. A principal razão pela qual dificilmente se chega a um denominador comum, é porque as bases sobre as quais os padres e os evangélicos se apóiam não são as mesmas. Não nos orientamos pela mesma “bússola”. O que quero dizer é o seguinte: A Igreja Católica prega que nem os Padres receberam de Deus o encargo de interpretar corretamente a Bíblia, posto que só o Papa e os Bispos em comunhão com ele podem interpretar corretamente a Palavra de Deus (CIC, p. 38). Diz ainda a Igreja Católica, que o Papa é infalível quando fala ex-cátedra, por cujo motivo é impossível que ele erre quando promulga um dogma. Partindo dessa premissa, a Igreja Católica ensina que invariavelmente, o erro estará em nós, nunca, porém, no Papa, quando nosso ponto de vista não coincidir com o que ele prega ex-cátedra (CIC, p. 255). Os padres crêem nisso e, por esse motivo, preferem trair suas consciências _ repetindo e defendendo as palavras de “Sua Santidade”, quando em suas mentes chegam a conclusões diferentes das dos Papas _ a pregarem suas próprias conclusões. Geralmente eles pensam mais ou menos assim: Quem somos nós para discordarmos de Sua Santidade? Ainda que, em nossas mentes, cheguemos a duvidar da veracidade de algum dogma católico, não creremos na autenticidade de nossas conclusões, pois sabemos que isso se dá por deficiência nossa.
       É bem provável que o prezado e respeitável leitor esteja duvidando do que aqui exponho. Realmente custa-nos crer que possam existir pessoas tão fanáticas e ingênuas. É importante, então, que eu prove mais uma vez que não estou caluniando. Queira ver, pois, as cópias abaixo:

1) “...Um bom católico nunca põe em dúvida a autoridade da Igreja. Antes, procura ser cuidadoso da obediência que lhe deve. Cuidadoso e ufano. Vale a pena obedecer a quem manda com a mesma autoridade de Cristo e faz leis tão sábias.
      Assistidos pelo Espírito Santo, o papa e os bispos têm uma visão que nos falta nos negócios da Igreja. As suas ordens devem ser obedecidas e não discutidas. Quando nossos pontos de vista não coincidirem, será por deficiência nossa...” (NEGROMONTE, Álvaro. O Caminho da Vida. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora. 15 ed. p. 1957, p. 240. Grifo nosso);

2) Na obra intitulada La Grande Enciclopedie Française consta que "os clérigos [católicos] estão "Proibidos de raciocinar", [e que em conseqüência disso] "a ignorância tornou-se moléstia geral" (WEISS, Karl. A Igreja que veio de Roma. Rio de Janeiro: Universal Produções. 1 ed., 2000, p. 128-129, op. cit.);

3) O Pastor Hugh P. Jeter registrou: “O sacerdote não pode raciocinar por si próprio. Um sacerdote espanhol, M. Garrido Aladama, declarou que se um professor diz a um estudante de seminário que o branco é preto, a palavra do professor deve ser tomada como sagrada, e o aluno deve assumir que a sua própria vista o enganou” (JETER, Hugh P. Será Mesmo Cristão o Catolicismo Romano? Rio de Janeiro: Betel. 2ª impressão/2000, p. 66).


      Como o leitor pode ver, o Padre Álvaro Negromonte disse com todas as letras que o Papa deve ser obedecido até mesmo quando em nossas mentes discordarmos do que ele ensina. Segundo ele, é por deficiência nossa que às vezes divergimos do Papa; e, que portanto, o Papa deve ser obedecido cegamente. Disto não destoa o Padre M. Garrido Aladama. E não pense o leitor que a atitude desses Padres seja um ato isolado. Não! O catecismo supracitado, sustenta que assim deve ser. Além disso, tenho outros livros escritos por padres, nos quais se faz a mesma afirmação. Por exemplo, queira ver o livro do Frei Battistini “A Igreja do Deus Vivo”. Petrópolis: Vozes, 33 ed. 2001, p. 14; bem como o livro Protestantismo e Catolicismo, do Padre Manoel Pinto dos Santos, 1 ed. 1916, p. 1, produção independente. E muitos outros exemplos poderemos dar, caso se faça necessário fazê-lo. Sim, tenho diversos livros escritos por clérigos católicos (Padre D. Estêvão Bettencourt e outros), nos quais se afirma que acatar sem reservas os dogmas católicos, serve para evitar a pluralidade de opiniões, e, por conseguinte, livrar-se da confusão que há entre os evangélicos. E em defesa dessa crença, chegam aos extremos, como o leitor mesmo pode ver, com seus próprios olhos. Mas os padres precisam saber que embora seja verdade que enquanto raciocinamos, chegamos a muitas conclusões erradas, a mais errada de todas as conclusões, é a conclusão de que não se deve raciocinar. Deus deu a cada um de nós uma cabeça, exatamente para que todos pensemos. Ousemos, pois, raciocinar. Não nos deixemos guiar cegamente por quem quer que seja. Você tem direito ao livre exame da Bíblia (Atos. 17:11), a raciocinar durante o culto a Deus (Romanos 12.1), e, por conseguinte, não agir como os irracionais (Salmos 32:9).
       Por que os padres pensam diferente? Do exposto até aqui, deve estar claro que a resposta a esta pergunta é: Os padres não pensam diferente de nós, nem tampouco pensam como nós.  Talvez você se pergunte: “Se eles não pensam com os evangélicos, nem tampouco diferente, então como eles pensam?” Resposta: Eles não pensam. Sim, eles não têm opinião própria. Os padres sofreram uma lavagem cerebral no Seminário, por cujo motivo ficaram privados do uso da razão em questões teológicas. Quanto a isso, a única opinião dos padres, é que é errado ter opinião. Eles crêem que já têm quem pensa por eles e para eles. Como bem observou a La Grande Enciclopedie Française supracitada, "os clérigos [católicos] estão "Proibidos de raciocinar", [e que em conseqüência disso] "a ignorância tornou-se moléstia geral" (WEISS, Karl. A Igreja que veio de Roma. Rio de Janeiro: Universal Produções. 1 ed., 2000, pp. 128-129, op. cit).
       Mas embora seja verdade que teologicamente, padre não pensa, esta regra tem suas exceções. Muitos padres já se deram ao trabalho de raciocinar com suas próprias cabeças e, por conseguinte, tiraram suas próprias conclusões teológicas. Martinho Lutero não foi o primeiro a fazê-lo, nem tampouco o último. Segundo me informou o ex-Padre Raimundo Pereira, só no Brasil, cerca de 500 padres abandonaram a Igreja Católica e se tornaram evangélicos. Eu conheço 8 ex-padres pessoalmente. O Pastor vice-presidente da Assembléia de Deus de Cordovil _ Rio de Janeiro/RJ, é ex-padre; um dos diáconos da Assembléia de Deus de Juiz de Fora/MG, também é ex-padre; há pouco tempo tive a honra de receber na minha residência o famoso ex-Padre Nivaldo. E quem nunca ouviu falar do saudoso ex-Padre Aníbal Pereira dos Reis que, antes de partir deste mundo, percorreu o Brasil e o exterior, levando aos pés de Cristo milhares de almas, entre as quais, inúmeros católicos? Outros padres que também ousaram pensar, apesar de não terem se convertido à fé evangélica, pediram exoneração para se casarem e levam uma vida comum. Além desses exemplos, a História nos fala de diversos padres que ousaram pensar, como, por exemplo, os famosos padres Jerônimo Savonarola, John Hus, Ulrico Zwinglio e tantos outros.
       Seja você também alguém que ouse pensar! Examine a Bíblia por si mesmo, sob o influxo do Espírito Santo e tire suas próprias conclusões! Debata em pé de igualdade com os que de você divergem, seja Papa, Pastor evangélico, etc. Ceda, se os argumentos de seus interlocutores forem convincentes! Porém, não aceite ser um robô do Papa ou de quem quer que seja! Tenha personalidade! Não traia a sua consciência! Seja você mesmo! Você tem este direito! Liberte-se! (João 8:32,36).

                                                                                       Pastor Joel Santana

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